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Mostrando postagens de setembro, 2014

QUEM TEM TATUAGEM É SUSPEITO DE ARRUAÇA E LIBERTINAGENS

Um parafuso saindo de um casulo, como se fosse um bicho da seda, porém não. Um parafuso. Sim. A criatura metamorfoseada sobre a escápula do rapaz era a peça usada para prender partes em partes e nada tinha da sutileza de uma transformação biológica. Uma das tatuagens mais enigmáticas que já avistei. O leitor que por acaso vá correndo os olhos descontraídos por sua linha do tempo e se depare com meu título acima certamente será tomado dos pés à cabeça por um brusco sobressalto, um repelão, um solavanco. Afinal, quem na atualidade é capaz de ignorar que a tatuagem deixou de ser um estigma dos tempos passados para passar à modinha da ocasião? Atualmente, conforme já disse em outro texto, quem não possui nenhuma tatuagem é que é diferente, por assim dizer. Mas a coisa não funciona bem assim em todos os ermos situados abaixo da linha do equador. Há ainda os nascidos pouco antes ou pouco depois da segunda metade do século que expirou e que fazem questão de evitar papo com pessoas qu

CASO SEJA ELEITO

Parecia o anúncio de um grande espetáculo circense, mas não era. Um cordão composto por carros estampados com legendas, cores e rostos sorridentes. Como sorriem esses homens! A vida é bela, Benigni! Carros de som estrondam o cancioneiro da moda com paródias que superam o horror do mau gosto das canções originais de apenas um refrão e uma onomatopéia. Caminhões e caminhonetes densamente tripulados desfilam em um contínuo teste de paciência dos amortecedores. Pessoas indo a pé, compondo o cortejo, empunham bandeiras com cores uniformes, trajam camisetas impressas com os mesmos rostos sorridentes estampados nos carros e nas bandeiras. O sol está ardente e a principal avenida da cidade repleta pelas gentes. Transeuntes atordoados e, ao mesmo tempo, curiosos, bem como costuma ser comum nos ermos mais pacatos em circunstâncias normais. O ir e vir de um lado a outro pelas calçadas do comércio do centro da cidade é constante. A turba tumultuosa chama a atenção pelo alarido que impõe

CAFÉ, MAGREZA E SUSPEITAS

Agora estou atrasado. Estaria adiantado, não fosse o ladrão ter aparecido. Entraria no banho vinte minutos mais cedo e, por conseguinte, chegaria também vinte minutos antes do horário ao trabalho, o que seria ótimo para organizar algumas pendências. Mas então o telefone tocou. Atendi. Era Adélia. Dizia que havia um carro prata, muito parecido com o nosso, da mesma marca, porém doutro modelo, estacionado diante de nossa casa e com um sujeito magro e muito esquisito ao volante. Bem, minha família acabara de deixar nossa casa em nosso carro e retirou o veículo da garagem passando por de trás do veículo suspeito estacionado à entrada. Atualmente não mora ninguém na casa da frente. A casa ao lado, a da esquina, faz frente pra rua perpendicular à nossa. As outras casas próximas não são de receber tipos estranhos, ainda mais um sujeito magro que aguarde dentro do carro antes das sete horas da manhã de uma quarta feira útil. No interior da casa, eu me agito. Os pensamentos acelera