Há quem tema à morte e tudo faça para evitar o assunto. Há até quem se benza diante à menção da palavra como se o final fosse um castigo, uma praga dos céus ou dos infernos, de acordo com as obras e ações de cada qual. Qual quê? Qual?... Mas nem todos se encolhem diante o símbolo da derrocada final. Valentes? Não sei. Não sei não. Não mesmo.
Sei que existem os homens sentados em suas cadeiras de descanso diante às portas da última morada. Os vejo quando passo apressado entre um trabalho e outro. Penso que desafiam a morte e me parecem até zombar dos supersticiosos mais medrosos.
Donos de suas cabeças brancas, barrigas proeminentes e redondas, famílias problemáticas, netas precocemente grávidas, aposentadorias magras, netos desempregados e ociosos, casas do conjunto habitacional e assuntos corriqueiros, ali permanecem grande parte do dia perdidos entre comentários sobre a vida alheia e da passagem do tempo, do clima, da violência urbana.
Que lhes importa se quem passe fique curioso e encarando? Ali estão bem resolvidos com suas questões mais intrínsecas. E se possuem medo da indesejada de todas as gentes, disfarçam com maestria e perfeição. Talvez isso seja sensatez.
Quando o sol incide intensamente sobre suas cadeiras postadas na calçada diante de suas casas populares, as tomam nas mãos, atravessam a rua e colocam-nas diante da grande porta da cidade dos mortos, sob a laje, e dão continuidade ao monótono papo. Esparramam-se sobre as cordinhas de plástico, desdenham dos passantes curiosos com um leve ar de deboche natural e involuntário.
Quando é noite e faz calor, sentam-se da mesma maneira por longas horas até que o sono lhes convide a entrar para dentro de suas casas. Alguns já compraram até terreno na eterna morada para não dar trabalho de última hora na última hora.
Acho que qualquer dia é dia do fim...
ResponderExcluirQuando se tem tempo de sentar na calçada e 'fazer média' com a morte é muito bom... mesmo quando se teve/tem uma vidinha medíocre;-)
Abração
Jan
Realismo a toda prova diante do itinerário de todos nós! Parabenizo-o. Estarei votando, sim!
ResponderExcluirAbraço, Célia.
ADOREI O TEXTO , VC ESCREVE MUITO BEM, É UM ROTEIRO INTERMINAVEL OU TERMINAVEL , JA QUE ELA VEM PARA TODOS, MAIS CEDO INFELIZMENTE OU MAIS TARDE...
ResponderExcluirESTAREI VOTANDO
T+
LIH
Sabe que tenho mais medo da velhice e de perder os entes queridos do que pensar nela diretamente ??
ResponderExcluirAdorei o texto e vou votar em você !!!
bjus 1000 !!!
A morte é o final do ciclo, particularmente não tenho medo da morte tenho medo da vida. nascemos com a certeza de que vamos morrer.
ResponderExcluirótimo texto.
bj
Adoro tudo que escreves meu amigo. Nem sabes o tanto... Vou contar-te um segredinho pois agora que estou com 70anos ando a perceber uns defeitinhos em mim, sim porque também não são defeitões, mas sinto uma invejinha de tudo que escreves é simplesmente "bestial"...E muito saboroso de ler tal leitura. Bjinhos desta fã de muito tempo vovóAlice.
ResponderExcluirObrigada pela visita ao meu blog e pelo apoio.
ResponderExcluirVotei no seu blog! Abraços.
Aguardo mais visitas.
Mais um texto que nos leva a pensar ... Como sempre, gostei muito.
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirPrazer grande em estar aqui lendo seu texto, instigante e inteligente.
Obrigada pela visita e já vou votar. Gostei muito!
Bjs.
legal jeff...boa sorte pra vc...linda semana pra ti...
ResponderExcluirOi Jefh,
ResponderExcluirTudo bem? Texto racional e lógico. Penso que se esse fosse o pensamento comum, temeríamos mais a vida que a morte. Parabéns e estarei votando.
Lu
Olá Jeferson!
ResponderExcluirVocê já me disse isso antes... (risos)
Tive a impressão é uma cópia do comentário anterior... (risos).
Até breve.
Ola jeferson!! Obrigado pela visita e volte sempre!! Parabéns e ja computei o meu voto... Boa Sorte ;**
ResponderExcluirBeijos Jaque
Olá, obrigada pela visita e comentário. Ótimo texto. Boa sorte. Votado!!!
ResponderExcluirJefh Cardoso! ótimo texto e ótimos tópicos!
ResponderExcluirVou deixar meu voto pro top blog! Parabéns e sucesso sempre!!!
Raquel Bueno - raquelbueno.blogspot.com
Jefh Cardoso,
ResponderExcluirótimo texto e ótimos posts. Vou deixar meu voto no TOP BLOG pra vc! Sucesso sempre ... Raquel Bueno
Olá, Jefh, tudo bem?
ResponderExcluirPrimeiramente, gostaria de agradecer sua visita ao meu blog. Espero que tenha sido proveitosa! Gostei bastante do seu blog e dos textos publicados que são inteligentes e muito interessantes!
Abraços!
Oi Jefh,
ResponderExcluirObrigada pela visita.
Li o texto "TODO DIA É DIA DE FINADOS" e acabei lendo quase todos os outros posts. Parabéns e mais sucesso!
Beijos.
Concerteza a morte não é nada boa.,..e tudo que podemos fazer para evita-lá é valido!
ResponderExcluirObrigada pela visita.
Adorei o blog, esse texto em especial me causou muitos pensamentos, não encaro a morte como algo ruim, acho que faz parte da vida, tudo que começa tem que ter um fim, nada é eterno, encaro apenas como um fato do dia a dia, está sempre presente.
ResponderExcluirParabéns.
Genial seu texto! Muito bom mesmo! Moro numa cidade pequena do interior... Vejo sempre por aqui o que você citou no texto, talvez mais do que numa cidade grande... Parabéns!
ResponderExcluirTememos a morte, é vero. Mas muitas vezes me espanta o paradoxo: seres espirituais, vivemos a experiência de ser
ResponderExcluirhumanos. E aí precisamos de tantas coisas materiais para sobreviver, incluindo não morrer, o que seria abandonar o corpo e não ter mais que cuidar de todas as coisas que precisamos em função dele, por estarmos vivos. Não basta envelhecer para ter medo de morrer. Ou o contrário. No México, os toltecas ainda vivem. Para eles nascemos cada qual com nossa morte; como aqui, na tradição cristã, nascemos com nosso anjo da guarda. A Morte (anjo negro?) . estaria do meu lado esquerdo, a distância de um braço. Não toco nela nem ela em mim. Quando a Morte de toca, se estou consciente dela, ainda posso dançar a última dança, antes de partir. (Don Juan Matos para Carlos Castaneda). Grande abraço, adorei sua ida ai blog!
mto boa essa historia \m/
ResponderExcluirOlá Jefferson!
ResponderExcluirHoje já não tenho mais medo de morrer, pois você veio abrilhantar um dos meus dois blogs: Mundo dos Inocentes, ele te quase 4 meses de vida. Foi no Lua Singular que eu tomei a liberdade de segui-lo, mas como não recebo suas visualizações, a memória falha.
Obrigada pela visita
Mundo dos Inocentes.
Oi, Jeferson!
ResponderExcluirInteressante como escrevemos sobre o mesmo assunto de forma completamente diferente. Escrevi Finados e abordei o ângulo da visita dos mortos e da sua relação afetiva com os vivos. Se bem que, em se tratando da vida e da morte,fico totalmente insegura, então tento sempre fincar os pés no chão, para voltar à realidade e trazer os leitores ao presente. Mas, gostei de sua abordagem e me fez lembrar de Gabriel Garcia Marquez, que cita o Aureliano Buendia centenário que todos os dias "fica sentado à porta de sua casa para ver o seu enterro passar". Veja o meu "Finados" em cronicasdekimie.blogspot.com se lhe aprouver. Um abraço. kimie
Muito bom... com certeza voltarei outras vezes mais. quero ler todos. obrigada pelo convite.
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