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Mostrando postagens de março, 2011

A CASA DE PORTINARI

A arte que um homem faz pela vida a fora é nada mais que sua reação diante de todas as coisas que lhe chegam aos sentidos. Um dom é uma coisa maravilhosa. Uma atribuição divina. O artista é todo aquele que existe. O artista que alcança frutos e fama através de sua arte é um afortunado, um privilegiado, pois tudo neste mundo é arte e ele obteve a sorte de conquistar o mundo através da sua. Deus premia quem cria com fidelidade a Ele, com perfeição e paixão, mesmo na imperfeição. Um homem tem que saber de si, tem que admitir-se, pois se não, passa a ser uma imitação de algo, uma fraude, uma cópia. Abre mão de si próprio para agarrar-se a uma imagem que não é a dele. Diante da casa de Portinari pude ver que a ostentação é uma ilusão barata que abriga alguma falha, é a fachada de algo inconfessável, talvez de uma falta de alegria diante da própria vida, a qual se tenta suprimir com ricos adornos, objetos caros. A casa de Portinari é simples como as casas de minha infância. As casas de alugu

O CAMINHO PARA CASA DE PORTINARI

Se todo caminho leva à Roma, melhor ir perguntando para não errar o caminho da Casa de Portinari. Aos trinta e sete anos de idade, após ter morado por quatro anos a menos de dez quilômetros de distância, eu finalmente decidi ir conhecer a casa onde viveu o famoso pintor. Casa que hoje é o Museu Casa De Portinari. Durante todo o caminho, até a chegada, o tempo esteve nublado. Havia um cheiro de terra molhada. Mais que promessa, era certeza de chuva nas proximidades. Março estava sendo generoso na quantidade de águas. Passa Orlândia, passa Batatais, chega a cidade de Portinari, Brodowski. Ali o tempo parece não ter pressa. Ali vi pessoas sentadas com suas cadeiras de descanso nas portas de suas casas. Bares movimentados à espera de um clássico do futebol, atrasado devido a um temporal na longínqua capital. Casa de Portinari... Mas onde fica essa casa tão ilustre? Seria deste ou daquele lado da Rodovia Candido Portinari? Deste. Vamos! Mas onde está? Não entendo estas placas... Deveria hav

ÁGUA BENTA BEM GELADA

Quando o médico chegou, o enfermo já havia expelido a hóstia sagrada e recuperado as feições habituais. Padre Bento rezava fervorosamente. Cleuza abanava o enfermo e agradecia a Deus por ele não ter levado consigo o seu único cliente. Dona Elvira falava sem parar, desde à porta, quando fora recepcionar o médico. O médico foi direto ao paciente. Examinou o aspecto do mesmo, aferiu os sinais vitais, examinou as pupilas, fez algumas considerações, contudo ninguém entendia claramente o que o médico dizia. Sua voz parecia ecoar para dentro de seu tórax. Falava aos arranques, e sempre finalizava de modo concordante e com uma risada meio estúpida. Mas estava tudo bem com o enfermo. Todos se acalmaram. Dona Elvira pediu para que o médico lhe acompanhasse até a cozinha e lá lhe ofereceu um copo com água: _Pode beber, Doutor, é água benta, bem gelada. O médico olhou meio surpreso, porém bebeu, aos poucos. Enquanto bebia, retirou do bolso o telefone e fez uma ligação. Cinco minutos depois,